sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Pão fresquinho: avaliando um projeto multicêntrico

Vou tentar nas linhas abaixo compartilhar uma experiência de avaliação realizada a partir do Projeto "Teatro do Oprimido na Saúde Mental", uma parceria do Minsitério da Saúde com o Centro de Teatro do Oprimido - RJ (CTO/RJ) e municípios dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Sergipe.
Este projeto se iniciou no ano de 2006 e teve como objetivo formar funcionários de Caps (Centro de Atenção Psicossocial) da rede pública de saúde mental para trabalhar com Teatro do Oprimido enquanto estratégia na relação de cuidado e tratamento dos usuários de saúde mental. Para isso o CTO realizou formações, eventos, atividades, assim como disponibilizou funcionários de sua equipe para acompanhamento sistemático dos trabalhos nos polos de formação.
Ao longo do dia de ontem (14/10/2010) foi realizada uma proposta de avaliação final do projeto que consistiu no seguinte metodologia:

Divisão dos participantes em grupos a partir dos quatro pólos de execução do projeto: um grupo do Estado do sergipe, um do Rio de Janeiro, um do Litoral de São Paulo e um de São Paulo Capital;
Apresentação de 5 categorias de análise que foram re-adaptadas para apenas três:
- Processo de capacitação, multiplicação, supervisão e comunicação
- Ações políticas
- Apresentações, Diálogos, Mostras e Produções Estéticas.

A partir destas três categorias os grupos se reuniram e foram incubidos de destacar dois pontos positivos e dois pontos negativos relacionado-os ao próprio Polo e organização interna dos participantes desse Polo, assim como relacionando-os ao CTO e ao trabalho de supervisão que este realizou nos quatro anos de duração do Projeto. Ou seja, para cada categoria de análise seriam destacados 8 pontos, quatro positivos e quatro negativos, metade de auto-avalliação, metade de avaliação do gestor.

Antes da apresentação dos pontos pelos grupos foi proposta uma dinâmica intitulada: "avaliação através do pensamento sensível", que consistiu que cada grupo, através imagens corporais formadas por movimentos e sons (sem falas ou palavras), pudessem mostrar como avaliavam o projeto. Após a apresentação de cada grupo os participantes colocaram sucintamente suas percepções sobre a apresentação.

Após a dinâmica cada grupo apresentou o material produzido na reflexão das categorias avaliativas.

Ao término da apresentação foi proposta mais uma dinâmica: "A imagem do Futuro", em que cada grupo foi desafiado a formar uma imagem congelada, através de seus próprios corpos (sem uso de som ou movimento), mostrando como viam o futuro do Teatro do Oprimido na Saúde Mental. Após a apresentação de cada grupo, foram todos convidados a mostrar a imagem ao mesmo tempo e a cada palma do condutor poderiam realizar um movimento. Após cerca de 10 ou 12 palmas a configuração do espaço já não era a mesma e os grupos já se haviam misturado, formando multiplas imagens. Lindo...

Pontos de reflexão:

- O processo não se deu apenas através da linguagem verbal, mas foi se utilizando de outras percepções e sensações como recursos avaliativos. A realização das tarefas propostas nas dinâmicas produziram nos grupos alguma necessidade de organização e sistematização dos sentimentos de cada um em relação ao projeto, o que, em nossa opinião, produziu e ofertou um vasto repertório de significados e significações dados pelos sujeitos da avaliação no processo avaliativo;
- A Avaliação ajudou a coroar o final do projeto de forma coerente com o processo de formação e vivencia ao longo do processo de execução do mesmo;
- A avaliação foi aplicada apenas para os multiplicadores, de forma que os usuários ou beneficiários do projeto não puderam trazer suas impressões;
- A não possibilidade de discussão dos pontos colocados pelos grupos e analisados a partir das categorias impediu o aprofundamento de algumas questões polêmicas e críticas ao projeto, assim como não possibilidade de defesa das partes.
- A divisão dos participantes por Polos particularizou as experiências, mas, por outro lado, não possibilitou ver quais os pontos confluêntes e divergentes de cada Estado;
- Por ser uma avaliação final do Projeto o objetivo foi mais marcar o lugar desse término do que rearranjar pontos conflitantes;


Bom gente, essa foi a experiência!

2 comentários:

  1. ...uma experiência de avaliação e de meta-avaliação..

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  2. Oi Fabrício. Parece que o formato desta avaliação tinha o objetivo de avaliar o quanto os futuros funcionários do Caps aprenderam durante estes anos e se estão aptos a atender estes pacientes. Talvez este seja o motivo dos outros envolvidos não participarem. Parece uma avaliação final dos aluno.
    Bom final de semana.

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