terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Pesquisa mapeará consumo de crack em Santos

Objetivo do estudo é contribuir para a construção de políticas públicas de prevenção e assistência adequadas à realidade local

Santos, 20 de dezembro de 2010 – O campus Baixada Santista realizará em 2011 uma ampla pesquisa para identificar o perfil dos usuários de crack em Santos e os locais onde o uso é mais freqüente.

O objetivo do trabalho é levantar as informações necessárias para a elaboração de políticas públicas de prevenção e assistência aos usuários em situação de risco naquele município.

“Antes o crack estava presente nas classes menos favorecidas, e hoje está presente em todas as classes sociais, sendo um sério problema de saúde pública. Com este estudo, poderemos pensar em tratamentos mais condizentes com a realidade do usuário de crack da região e na construção de políticas consoantes com esta realidade”, diz a professora Dra. Adriana Marcassa Tucci, do Departamento de Saúde, Educação e Sociedade da Unifesp Baixada Santista, coordenadora do projeto.

A pesquisa, prevista para ser realizada no decorrer de 2011, deverá reunir 12 alunos de todos os cursos de graduação da Unifesp Baixada Santista (Psicologia, Nutrição, Terapia Ocupacional, Serviço Social, Educação Física e Fisioterapia).

As entrevistas e aplicação de questionários serão realizadas em diferentes locais no município, como, por exemplo, nas ruas da cidade, em ONGs que tratam dependência de substâncias psicoativas, e nas unidades do Centro de Atenção Psicossocial existentes em Santos.

Denominado “Mapeamento e Perfil de Usuários de Crack no Município de Santos”, o projeto é um dos contemplados pelo Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (Pet Saúde) – Saúde Mental para 2011. O programa é realizado por meio de parceria entre a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES); Secretaria de Atenção à Saúde (SAS) e Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), do Ministério da Saúde, e pela Secretaria de Educação Superior (SESU), do Ministério da Educação (MEC). O projeto tem ainda o apoio da Secretaria Municipal de Saúde de Santos, por meio da Coordenadoria de Saúde Mental do município.
Fonte: http://dgi.unifesp.br/comunicacao/noticias.php?cod=7929

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Pão fresquinho: avaliando um projeto multicêntrico

Vou tentar nas linhas abaixo compartilhar uma experiência de avaliação realizada a partir do Projeto "Teatro do Oprimido na Saúde Mental", uma parceria do Minsitério da Saúde com o Centro de Teatro do Oprimido - RJ (CTO/RJ) e municípios dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Sergipe.
Este projeto se iniciou no ano de 2006 e teve como objetivo formar funcionários de Caps (Centro de Atenção Psicossocial) da rede pública de saúde mental para trabalhar com Teatro do Oprimido enquanto estratégia na relação de cuidado e tratamento dos usuários de saúde mental. Para isso o CTO realizou formações, eventos, atividades, assim como disponibilizou funcionários de sua equipe para acompanhamento sistemático dos trabalhos nos polos de formação.
Ao longo do dia de ontem (14/10/2010) foi realizada uma proposta de avaliação final do projeto que consistiu no seguinte metodologia:

Divisão dos participantes em grupos a partir dos quatro pólos de execução do projeto: um grupo do Estado do sergipe, um do Rio de Janeiro, um do Litoral de São Paulo e um de São Paulo Capital;
Apresentação de 5 categorias de análise que foram re-adaptadas para apenas três:
- Processo de capacitação, multiplicação, supervisão e comunicação
- Ações políticas
- Apresentações, Diálogos, Mostras e Produções Estéticas.

A partir destas três categorias os grupos se reuniram e foram incubidos de destacar dois pontos positivos e dois pontos negativos relacionado-os ao próprio Polo e organização interna dos participantes desse Polo, assim como relacionando-os ao CTO e ao trabalho de supervisão que este realizou nos quatro anos de duração do Projeto. Ou seja, para cada categoria de análise seriam destacados 8 pontos, quatro positivos e quatro negativos, metade de auto-avalliação, metade de avaliação do gestor.

Antes da apresentação dos pontos pelos grupos foi proposta uma dinâmica intitulada: "avaliação através do pensamento sensível", que consistiu que cada grupo, através imagens corporais formadas por movimentos e sons (sem falas ou palavras), pudessem mostrar como avaliavam o projeto. Após a apresentação de cada grupo os participantes colocaram sucintamente suas percepções sobre a apresentação.

Após a dinâmica cada grupo apresentou o material produzido na reflexão das categorias avaliativas.

Ao término da apresentação foi proposta mais uma dinâmica: "A imagem do Futuro", em que cada grupo foi desafiado a formar uma imagem congelada, através de seus próprios corpos (sem uso de som ou movimento), mostrando como viam o futuro do Teatro do Oprimido na Saúde Mental. Após a apresentação de cada grupo, foram todos convidados a mostrar a imagem ao mesmo tempo e a cada palma do condutor poderiam realizar um movimento. Após cerca de 10 ou 12 palmas a configuração do espaço já não era a mesma e os grupos já se haviam misturado, formando multiplas imagens. Lindo...

Pontos de reflexão:

- O processo não se deu apenas através da linguagem verbal, mas foi se utilizando de outras percepções e sensações como recursos avaliativos. A realização das tarefas propostas nas dinâmicas produziram nos grupos alguma necessidade de organização e sistematização dos sentimentos de cada um em relação ao projeto, o que, em nossa opinião, produziu e ofertou um vasto repertório de significados e significações dados pelos sujeitos da avaliação no processo avaliativo;
- A Avaliação ajudou a coroar o final do projeto de forma coerente com o processo de formação e vivencia ao longo do processo de execução do mesmo;
- A avaliação foi aplicada apenas para os multiplicadores, de forma que os usuários ou beneficiários do projeto não puderam trazer suas impressões;
- A não possibilidade de discussão dos pontos colocados pelos grupos e analisados a partir das categorias impediu o aprofundamento de algumas questões polêmicas e críticas ao projeto, assim como não possibilidade de defesa das partes.
- A divisão dos participantes por Polos particularizou as experiências, mas, por outro lado, não possibilitou ver quais os pontos confluêntes e divergentes de cada Estado;
- Por ser uma avaliação final do Projeto o objetivo foi mais marcar o lugar desse término do que rearranjar pontos conflitantes;


Bom gente, essa foi a experiência!

Sobre Indicadores, Sobre Avaliação, Sobre a Vida...

Desde o início das nossas aulas, tenho refeletido sobre as avaliações e o quanto estão presentes em nosso dia a dia, mesmo que nem sempre a gente se dê conta disso.


A última aula com a profa. Rosana, fez pensar o quanto em nosso cotidiano procuramos critérios, estabelemos parâmetros (olha aí, criando indicadores) pra tecer uma opinião sobre determinado assunto, situação, pessoa, etc.


Pensando ainda sobre a necessidade de uma construção participativa dos indicadores qualitativos, uma vez que intencionam apreender os aspectos mais subjetivos da realidade e de que é no campo que a avalição ganha vida, sendo confrontada com essa realidade, para transformá-la e ser por ela transformada, me lembrei de um texto muito divertido do Veríssimo que quero dividir com vocês.


E como já dizia a querida professora Laura: aula boa é aquela que continua reverberando para além dos muros da sala da universidade...


um abraço a todos,




Patrícia






Segue o texto de Luis Fernando Verissimo


CRÔNICA DA LOUCURA



O melhor da Terapia é ficar observando os meus colegas loucos.

Existem dois tipos de loucos.

O louco propriamente dito e o que cuida do louco: o analista, o terapeuta, o psicólogo e o psiquiatra.

Sim, somente um louco pode se dispor a ouvir a loucura de seis ou sete outros loucos todos os dias, meses, anos. Se não era louco, ficou.

Durante quarenta anos, passei longe deles. Pronto, acabei diante de um louco, contando as minhas loucuras acumuladas.

Confesso, como louco confesso, que estou adorando estar louco semanal.

O melhor da terapia é chegar antes, alguns minutos e ficar observando os meus colegas loucos na sala de espera.

Onde faço a minha terapia é uma casa grande com oito loucos analistas.

Portanto, a sala de espera sempre tem três ou quatro ali, ansiosos, pensando na loucura que vão dizer dali a pouco.

Ninguém olha para ninguém.

O silêncio é uma loucura.

E eu, como escritor, adoro observar pessoas, imaginar os nomes, a profissão, quantos filhos têm, se são rotarianos ou leoninos, corintianos ou palmeirenses. Acho que todo escritor gosta desse brinquedo, no mínimo, criativo. E a sala de espera de um "consultório médico", como diz a atendente absolutamente normal (apenas uma pessoa normal lê tanto Paulo Coelho como ela), é um prato cheio para um louco escritor como eu. Senão, vejamos: Na última quarta-feira, estávamos: 1. Eu 2. Um crioulinho muito bem vestido, 3. Um senhor de uns cinqüenta anos e 4. Uma velha gorda.

Comecei, é claro, imediatamente a imaginar qual seria o problema de cada um deles.

Não foi difícil, porque eu já partia do princípio que todos eram loucos, como eu. Senão, não estariam ali, tão cabisbaixos e ensimesmados.

O pretinho, por exemplo. Claro que a cor, num país racista como o nosso, deve ter contribuído muito para levá-lo até aquela poltrona de vime. Deve gostar de uma branca, e os pais dela não aprovam o namoro e não conseguiu entrar como sócio do "Harmonia do Samba"? Notei que o tênis estava um pouco velho. Problema de ascensão social, com certeza. O olhar dele era triste, cansado. Comecei a ficar com pena dele.

Depois notei que ele trazia uma mala. Podia ser o corpo da namorada esquartejada lá dentro. Talvez apenas a cabeça. Devia ser um assassino, ou suicida, no mínimo. Podia ter também uma arma lá dentro. Podia ser perigoso. Afastei-me um pouco dele no sofá. Ele dava olhadas furtivas para dentro da mala assassina.

E o senhor de terno preto, gravata, meias e sapatos também pretos?

Como ele estava sofrendo, coitado. Ele disfarçava, mas notei que tinha um pequeno tique no olho esquerdo. Corno, na certa. E manso. Corno manso sempre tem tiques. Já notaram? Observo as mãos. Roía as unhas. Insegurança total, medo de viver. Filho drogado? Bem provável. Como era infeliz esse meu personagem. Uma hora tirou o lenço e eu já estava esperando as lágrimas quando ele assoou o nariz violentamente, interrompendo o Paulo Coelho da outra.

Faltava um botão na camisa. Claro, abandonado pela esposa. Devia morar num flat, pagar caro, devia ter dívidas astronômicas. Homossexual? Acho que não. Ninguém beijaria um homem com um bigode daqueles. Tingido.

Mas a melhor, a mais doida, era a louca gorda e baixinha. Que bunda imensa. Como sofria, meu Deus. Bastava olhar no rosto dela. Não devia fazer amor há mais de trinta anos. Será que se masturbaria? Será que era esse o problema dela? Uma velha masturbadora? Não! Tirou um terço da bolsa e começou a rezar. Meu Deus, o caso é mais grave do que eu pensava. Estava no quinto cigarro em dez minutos. Tensa. Coitada. O que deve ser dos filhos dela? Acho que os filhos não comem a macarronada dela há dezenas e dezenas de domingos. Tinha cara também de quem mentia para o analista. Minha mãe rezaria uma Salve-Rainha por ela, se a conhecesse.

Acabou o meu tempo. Tenho que ir conversar com o meu psicanalista.

Conto para ele a minha "viagem" na sala de espera.

Ele ri... Ri muito, o meu psicanalista, e diz: - O Ditinho é o nosso office-boy. - O de terno preto é representante de um laboratório multinacional de remédios lá no Ipiranga e passa aqui uma vez por mês com as novidades. - E a gordinha é a Dona Dirce, a minha mãe. - "E você, não vai ter alta tão cedo..."




Indicadores Qualitativos

Deixo aqui para todos, o link do artigo:
Construção de Indicadores Qualitativos para Avaliação de Mudanças - Maria Ceilia de Souza Minayo. que eu e a Carina usamos em nossa apresentação.
Boa leitura!

Patrícia


www.scielo.br/pdf/rbem/v33s1/a09v33s1.pdf

laborAl

Pessoal,

a experiência de um blog para a disciplina me parece ter tido êxito junto ao mestrado.
E acabou se constituindo na base para o lançamento do que virá a ser o site do laboratório de avaliação de programas e serviços - laborAldo Departamento Saúde, Educação e Sociedade da Unifesp/BS.
Desse modo, ele poderá tornar-se mais completo e aberto às visitas dos ex-alunos.
Mas não se preocupem: provavelmente, o futuro site terá dentro de si um blog da disciplina para os futuros alunos.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Indicadores

Olá pessoal,

gostaria de dizer que a aula de hoje sobre indicadores foi bem produtiva.

abraços

Nathália

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Uma revista brasileira sobre avaliação

Ainda está começando, mas é muito bem vinda!!!


QUARTA-FEIRA, 15 DE SETEMBRO DE 2010

Revista Meta: Avaliação - agora em Espanhol para todo el mundo

A Fundação CESGRANRIO inova mais uma vez lançando a revista Meta: Avaliação em dois idiomas: português e espanhol.

Percebendo o crescente volume de acessos entre os países de língua espanhola, decidiu-se fazer a tradução integral da revista, com o intuito de oportunizar a troca de experiências, na área de Avaliação, entre a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e os países de língua hispânica.


Nossa meta é fazer um periódico de Avaliação que se torne referência entre profissionais e entusiastas deste assunto, e para isso, gostaríamos de poder contar com todos nesta empreitada.

Participe ajudando-nos a divulgar a revista e, enviando-nos críticas e sugestões (comente este post).


Acessem a revista através do endereço http://metaavaliacao.cesgranrio.org.br.

SEXTA-FEIRA, 23 DE JULHO DE 2010

Está próximo o lançamento da revista em espanhol


                                                                   O quinto número da revista Meta: Avaliação está quase pronto.                                                                                       Previsto para a primeira semana de agosto, o número cinco está com uma novidade e tanto! A comunidade acadêmica poderá ler a revista integralmente em espanhol também. Os resumos continuarão nos três idiomas: português, espanhol e inglês.
O que você acha desta novidade 'latinoamericana'? Comente este post.

Grande abraço a todos,
Equipe da Revista Meta: Avaliação

SEXTA-FEIRA, 11 DE JUNHO DE 2010

Seminário Interno sobre a Avaliação do Ensino Superior no Brasil

A Fundação CESGRANRIO realizou no dia 10 de junho, das 10 às 15h, sob a coordenação da Profª Maria Helena Guimarães Castro, um Seminário de Educação Superior no Brasil, cujas temáticas básicas se dividiram em três eixos:
  1. Balanço dos SINAES: como está funcionando? Pontos fortes e fracos.
  2. ENADE e IGC: como aprimorar o sistema?
  3. Alternativas ao modelo atual: acreditação, descentralização, etc.
A Fundação CESGRANRIO está realizando uma série de atividades e convidamos os educadores a buscar informações. Faça sugestões e comentários.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Deus e o diabo na terra do sol

Nesses tempos de busca da "verdade" via ciência ou avaliação, achei interessante compartilhar algo dito por um amigo filósofo:

"A mentira não é tão inútil que não interesse a um homem sincero. A verdade, às vezes, é tão dolorosa que mesmo o diabo pode querer dizê-la."


A se pensar.


Abçs


Juarez

Eleições

Para entrar no clima das Eleições....

Lembrem de AVALIAR as propostas dos candidatos antes de ir as urnas... hehehe

Abs!

Ah, nada de TIRIRICA!!! rs

http://www.youtube.com/watch?v=8FMiRLv6RJA
http://www.youtube.com/watch?v=0p_Ibv_Fj5k

"test-drive" em uma disciplina de mestrado

Caros colegas,
Boa tarde!

Venho compartilhar algumas reflexões já arquivadas, mas que afloraram após a aula de hoje.

Vale lembrar o contexto.
Em uma manhã, enquanto o professor explanava sobre o engajamento do mestrando para com a disciplina eletiva, logo, formada por um grupo de interesse, arrisquei-me a esboçar uma analogia, e acredito que vem articulada com o "test-drive" citado pelo professor, em nosso encontro de hoje:

O pára-quedas caiu, mas logo se abriu, e desceu impetuosamente, belamente...

Bom, por hoje era isso, apenas uma rápida "viagem" no espaço sideral (risos)

Abraços a todos
Carina

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Avaliação da Disciplina

Pela primeira vez em 25 anos de estudo (contando que entrei na escola aos 5 anos) me é dada a tarefa de avaliar uma forma de ensino sem o lugar comum do questionário para preenchimento anônimo ao fim do curso - isso quando o professor oferece essa oportunidade. No entanto, o professor foi mais longe do que qualquer um poderia imaginar antes de iniciar a disciplina, criou uma avaliação durante a disciplina que nos dá a oportunidade de interagir e, se necessário, redirecionar o rumo das coisas. Essa postura já mereceria 10.

Aí vai um exemplo de que, assim como fez o Juarez, é possível fazer muitas coisas de formas diferentes.



Porém, como também já não nos resumimos ao que éramos antes de iniciar a disciplina sinto que tenho a obrigação de no mínimo ressaltar pontos positivos, negativos e propor novos direcionamentos ao gestor! rs.

Considero pontos fortes

- Cronograma
- Postura empática, cooperativa, justa, coerente, participativa do professor (enfatizando que ele nos chamou pelo nome desde os primeiros minutos da primeira aula!)
- Participação de convidados referência em suas áreas de atuação
- Respeito aos horários combinados (o que cá entre nós não é um costume na UNIFESP)
- Escuta cuidadosa dos comentários dos alunos mesmo quando as divagações fogem do tema principal. Entendo isso de fato como um espaço para participação genuína dos alunos com sua bagagem pessoal e profissional.
- Utilização de técnicas de ensino variadas.

Pontos a serem repensados

- Pouca participação dos alunos no blog.
- Exigência além da carga horária para visitas e avaliação de serviços

As propostas de novos direcionamentos podemos discutir em sala de aula.

Um abraço

Pedro

Zé do Poço

Aí vai o vídeo incorporado ao blog só para facilitar a visualização.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

LAPPIS

BOM DIA!

Pessoal, aí vai uma dica...

Durante o seminário LAPPIS - Laboratório de Pesquisas sobre Práticas de Integralidade em Saúde - Pque acontecerá dos dias 20 a 23 de outubro, um dos  grupos de trabalho abordará o tema "Práticas Avaliativas na Saúde"...

Interessante?

Quem tiver oportunidade e comparecer, depois se incumbe de trocar figurinhas com a gente. hehehe...

Segue a programação dos Grupos de Trabalho - "Ágoras" e o endereço do site.

Dia 20/10/2010
Manhã - Atividades Pré-Seminário
08:30 – 16:00h – Serão realizados sete GTs denominados “Ágoras”, nos quais serão reunidos especialistas com produção, além da apresentação de trabalhos que resultaria em publicação de anais na forma eletrônica. As Ágoras trabalharão com temas recorrentes aos 10 anos de atividades do Grupo de Pesquisa do CNPq LAPPIS, a saber:
Ágora I – Direito à saúde, reconhecimento e associações públicas identitárias – Coordenadores: Roseni Pinheiro, Martha Moreira e Felipe Asensi
Ágora II – Público e privado na saúde – Coordenadores: Aluisio Gomes da Silva Jr., Márcia Guimarães de Mello Alves e Maria de Fátima Siliansky de Andreazzi
Ágora III – Extensão, pesquisa e ensino na formação em saúde – Coordenadores: Lílian Koifman, Francini Guizardi e Rodrigo Silveira
Ágora IV – Humanização e a gestão da atenção e cuidado – Coordenadores: Dário Pasche e Ruben Mattos
Ágora V – Saúde, comunicação e sociedade – Coordenadoras: Inesita Soares, Janine Cardoso e Juliana Lofego
Ágora VI – Práticas avaliativas na saúde – Coordenadores: Oswaldo Y. Tanaka, Aluisio Gomes da Silva Jr., Valéria Marinho Nascimento Silva e Mônica Tereza C. Machado
Agora VII – Práticas integrativas e complementares em saúde– Coordenadores: Madel Luz e Nelson Fellice

http://www.lappis.org.br/seminarios/2010/xseminario_prog.htm



quinta-feira, 23 de setembro de 2010

avaliação da disciplina: algumas reflexões...

Primeiro dia de aula. O itinerário proposto para a disciplina de avaliação de programas e serviços partiu de um planejamento sistemático, e junto ao professor, fomos apresentados a um cronograma que ofertaria novas experiências e articulações teórico-prática. E, naquele momento, os balões de pensamento, bem semelhante aqueles dos livros em quadrinhos, foram se formando e pressupondo que seria prudente a (re)significação de conceitos e práticas previamente vivenciadas. Que desafio!

E, impulsionada pelo desafio, a avaliação passou a fomentar um aprendizado com significado, e a disciplina ganhou mais sentido, sobretudo após apropriação de sua aplicabilidade, e ao enfoque que a interdisciplinaridade pretende abarcar, marcada no Campus Baixada Santista da Unifesp, pelo Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Saúde.

Pronto. Gota-a-gota as indagações iniciais foram configuradas. Então, em meio à nova concepção, vínhamos embricados numa prática de ensinagem sustentada por diferentes estratégias que perpassava entre estudo de texto, solução de problemas e exposição-dialogada às considerações finais, onde classicamente os atores envolvidos no processo estavam dispostos em círculo. E nesse sentido, há um envolvimento e participação do grupo de interesse, uma vez que a disciplina trouxe um exercício do diálogo, e vem superando a dicotomia “Você aprende. A gente ensina”, bem como as “informações depositadas”, como dizia Paulo Freire.

Através da avaliação participativa experienciada, foi possível agregar novos valores antepostos à subjetividade que compunha o objeto, e repensar a prática avaliativa. E, surpreendidos novamente, quando o professor continuou a participar, em encontro subseqüente, ao nos abrilhantar com seu capítulo de livro, que lá estávamos presentes, cada ator em seu objeto e/ou significado de comoção, risos e lágrimas.

Contudo, expresso minha estima pelo conjunto da obra e toda reflexão que tem sido proveniente, como cá estou aprendendo, não somente a aprender a avaliação, mas além, a “desacelerar o tempo que se passa”.


Abraços,

Carina

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Tem alguma coisa...

Prezados,

não se trata de algo específico, mas esse clip concebido e interpretado pelo Zé do Poço é impressionate pela beleza, simplicidade, profundidade.
Se uma das funções da avaliação é permitir circular palavras e afetos, ele é pertinente.
Tive o prazer de conhecer o Zé do Poço em BH. Trata-se de pessoa rara!

Mas para ver o vídeo de verdade, tire o óculos que nos impõe a rede Globo e deleite-se com as imagens e palavras que aí vão.

abcs

Juarez

http://www.youtube.com/watch?v=UzG12tunL70

Avaliação da disciplina


Nos parece um tanto quanto necessário e, até, esperado que uma disciplina sobre Avaliação de Programas e Serviços exija dos participantes uma avaliação de si mesma. Eis-nos aqui nesta tarefa. Não que a responsabilidade seja maior, uma vez que toda avaliação deve ser séria e comprometida seja onde for feita. Nesse sentido, quero reforçar alguns elementos que me pareceram imprescindíveis:
- O dinamismo das aulas que primaram por metodologias ativas e inovadoras com relação ao processo de ensino-aprendizagem (ex. blog, dinâmicas, problematização, etc.);
- O convite de estudiosos e avaliadores renomados para contribuírem com os assuntos das aulas;
- Amplo "passeio" pelos meandros e caminhos que uma avaliação pode percorrer, o que instrumentaliza o aluno às várias formas de avaliar;
- Aproximação e contato mais afetivo entre os alunos do mestrado a partir dos momentos dentro das aulas;
- As reflexões aprofundadas sobre as questões teórico-metodológicas estão referidas ao exercício da prática (proposta da avaliação em um serviço) e à “negação” do "academicismo" enquanto afastamento e isolamento dos elementos constituintes do binômio universidade/sociedade;

Na verdade tenho poucos elementos para crítica, mas gostaria de ressaltar que a universidade peca com relação à cessão de infra-estrutura digna (computadores com vírus, falta de espaço de convivência de estudantes, etc.) e que como avaliação pessoal, ressalto que gostaria de ter mais tempo, no dia-a-dia, para poder dedicar aos estudos do mestrado, mas isso é consequencia do fato de ser aluno trabalhador, nem é responsabilidade da disciplina.

Um abraço a todos,

Fabrício.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Avaliação da disciplina.

No 1º dia, com a apresentação da disciplina, o calendário das aulas...a primeira vista, um professor

muito organizado, tentando usar o tempo sem desperdícios. Mas, quais desperdícios? Menos, o da exigência rigorosa das tarefas e mais da fluidez da aprendizagem que se dá na relação com o outro, e do encontro da vida real. Uma disciplina muito bem planejada, mas não tão planejada a ponto de não poder acolher o inusitado: o choro, o riso, o mal-estar, o relato longo das experiências, a escuta...escuta.

Adorei estar com todos vocês. E oferto, abaixo, um poema que encontrei, que expressa, também

o que foi para mim a disciplina.

Um grande abraço

Eliana Rocha


POEMA DE AVALIAÇÃO

Por Heveraldo Galvão


Quando eu penso em educação

Também falo em avaliação

O conhecimento tem sede

Das habilidades e conhecimentos em rede

O processo se inicia na sua concepção

E tem o registro, como instrumento de formação

E tudo compõe um processo inclusivo permanente

Valores e princípios, que ficam fazendo parte da gente

Planejamento, mediação e avaliação

Desenvolvem competências de mediação

O sucesso dessa turma, com a /O (JUAREZ)Célia, a gente cria, a gente faz

Amizades, experiências e lembranças, na nossa educação para a paz.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Os desafios de "ir a campo..."



Relendo o texto sobre Os Quatro Elementos da Avaliação, reflito sobre a difícil tarefa da entrada em campo.


Imagino que além da realização de um bom planejamento, se faz necessário ao avaliador revestir-se de respeito ao universo do outro e estar atento ao modo como nossa presença interfere neste contexto, tanto de forma positiva, quanto negativa.


Em minhas reflexões e talvez por influência do post da Tati, me vem à cabeça uma outra canção da nossa MPB que deixo aqui como um convite, para nos inspirar a reflexão sobre o tema...


Infinito Particular - Marisa Monte

Eis o melhor e o pior de mim

O meu termômetro, o meu quilate

Vem, cara, me retrate

Não é impossível

Eu não sou difícil de ler

Faça sua parte

Eu sou daqui, eu não sou de Marte

Vem, cara, me repara

Não vê, tá na cara, sou porta bandeira de mim

Só não se perca ao entrar

No meu infinito particular

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Retomando a questão da experiência...

Qualquer semelhança será mera coincidência? hehehe
Identifiquei muito da música Paciência com as reflexões que fizemos a partir do texto lido p aula do prof Rogério...
Compartilho, alguns trechos com vcs...

abs,
e desde já,
bom feriado a todos!!!

tatiana

Paciência (Lenine)


Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma

até quando o corpo pede um pouco mais de alma
a vida não para

...
enquanto todo mundo espera a cura do mal

e a loucura finge que isso tudo é normal

eu finjo ter paciência

...
será que é o tempo que me falta pra perceber

será que temos esse tempo pra perder

e quem quer saber

a vida é tão rara

... ... ...

Painel de Fotos (aula 4) - Participação e Produção do Conhecimento - Degradê da participação

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Algumas reflexões - Aula 4 - Participação e Produção do Conhecimento

Achei interessante a metáfora dos "Boleros de Ravel" para situar a condução dos trabalhos na disciplina. A cada aula resgatamos elementos já colocados aumentando um tom. É isso.

Hoje pudemos ver como é complexo pensar a pesquisa, o processo avaliatório e a construção de conhecimento quando partimos da perspectiva da participação. Foi possível, através do estudo sobre a Saúde Mental em Campinas e da narrativa da usuária em atendimento ginecológico, perceber a importância de se levar em consideração os diversos atores/sujeitos da pesquisa a fim de conseguir dimensionar diferentes olhares e concepções acerca de determinado projeto ou ação.
Nesse sentido, também vale destacar o valor atribuído ao "saber da experiência" - como falar do outro sem o outro?
Também achei importante a questão do processo avaliativo como um de seus resultados. Isto é, o processo de mudança/decisão não somente se dá a partir da publicação ou revelação dos resultados e julgamentos dos pesquisadores, mas vai acontecendo no próprio fazer da avaliação, enquanto constituição processual.

Frase para reflexão: "o inferno são os outros" J. P. Sartre

Perguntas que fiquei me fazendo:
O que chama à participação?
O que fazem as pessoas se implicarem?

Com a aula de hoje pude ver que participar, mais do que simplesmente poder falar, é sentir-se apto a falar, ser ouvido, ser considerado, sentir-se motivado a revelar algo - isso tem haver com envolvimento, vínculo, significado. Fiquei pensando na questão do quanto a metodologia pode ser usada como facilitadora do processo participativo. A dinâmica usada hoje, em nossa opinião, produziu resultados que possivelmente seriam muito diferentes caso a dinâmica tivesse sido, por exemplo, de "juri-simulado". 
 

Fabrício Gobetti Leonardi
Assistente Social




Para pensarmos

"Não considere nenhuma prática como imutável. Mude e esteja pronto a mudar novamente. Não aceite verdade eterna. Experimente." (Skinner, 1969, p.viii)

Pedro

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Próxima aula

Pessoal, o texto sobre participação e produção de conhecimento foi postado ontem por email. Qualquer problema, me avisem.
Abcs

Juarez

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Compartilhando...

Trago para a reflexão este texto que fala da "profecia auto-realizadora", ao meu ver, nada mais do que um avaliação - com intuito de "materializar" dois tópicos que foram bastante discutidos em nossos encontros: o "peso" da avaliação e como seu desenrolar pode ser desastroso mediante um planejamento equivocado e o a "imparcialidade" das avaliações, que traz impressa em si todo o "universo" do avaliador.

O texto é uma publicação do Correio Pedagógico que data de 1988, não é recente mas creio que seja bastante atual.

Apreciem a leitura...

abs
tatiana



Como se escreve (por linhas tortas) o fracasso escolar de uma criança

(Publicado no Correio Pedagógico nº 16, Março 1988; exclusivo Nova Escola/Correio Pedagógico)

No primeiro dia de aulas, o professor profetiza: "Esses vão ter sucesso; aqueles não". Começa aí uma das mais perigosas práticas educacionais que se desenvolvem na escola. Conheça-a de perto.

Basta um olhar, um terrível e conclusivo olhar. Com ele, o professor abarca a sua turma logo no primeiro dia de aulas e profetiza: "Esses alunos vão ter sucesso; aqueles não". E, como se estivesse munido de uma bola de cristal, determina, quase sempre sem errar, o futuro escolar daquelas crianças.

Aparentemente, a adivinhação do professor poderia não passar de um jogo de previsões baseado na sua experiência profissional. Afinal, como diz Adélia, 50 anos, vinte como professora de escola pública: "Depois de um tempo de Magistério, é fácil, olhando a turma, saber quem vai ser aplicado e quem não vai. É uma espécie de sexto sentido que a gente vai desenvolvendo". Parece normal.

Mas, na verdade, por detrás do inocente palpite do professor esconde-se uma das práticas mais perigosas - e mais comuns - exercidas na escola: a da chamada profecia auto-realizadora. Através dela, o destino do aluno é selado de forma implacável e, na maioria das vezes, irreversível.

Ao contrário do palpite, que pode dar certo ou não, a profecia tem como característica principal o facto de que, na imensa maioria dos casos, ela se realizará. Pior: ela realizar-se-á sem que a criança tenha qualquer possibilidade de mudar o prognóstico do professor. Por uma simples e terrível razão: porque o professor quer que ela se realize. A partir desse desejo, ele pautará o seu relacionamento com os alunos de maneira que o seu julgamento inicial se concretize no final do ano. Aqueles para quem ele previu um destino de fracasso fracassarão. Aqueles a quem ele profetizou sucesso serão bem sucedidos. Tem que acontecer. E acontece.

O que o professor não percebe é que a profecia se realizou única e exclusivamente porque ele conduziu, desde o começo, os resultados. Ele produziu a profecia. E, como os resultados foram exactamente os previstos, ele continuará, ano após ano, a confiar no seu "sexto sentido".

O fenômeno da profecia auto-realizadora foi revelado e estudado por dois pesquis americanos, Robert Rosenthal e Lenore Jacobson. Numa das suas experiências, os pesquisadores avisaram os professores de uma escola de 1º Grau que iam fazer um teste de inteligência com as crianças. Em seguida, revelaram aos professores os nomes das crianças que se tinham saído bem no teste, dizendo que delas se poderia esperar um bom rendimento escolar naquele ano.

Acontece que a lista de nomes fornecida aos professores não tinha relação alguma com os resultados dos testes. Eram nomes escolhidos ao acaso.

Oito meses depois, os pesquisadores voltaram à escola. Os alunos indicados como mais capazes tinham progredido mais que os outros. Os considerados incapazes não tinham feito qualquer progresso. Além disso, os alunos "capazes" foram descritos pelos professores, não só como mais inteligentes, mas também como mais felizes, mais ajustados e com maiores possibilidades de êxito no futuro. As crianças "incapazes" foram vistas pelos professores como menos curiosas, pouco interessantes e desajustadas. Ou seja, depois de terem sido levados a acreditar num maior ou menor potencial de seus alunos (absolutamente falso), os professores encarregaram-se, através do seu comportamento, de fazer concretizar a profecia.

Rosenthal e Jacobson repetiram a experiência com ratos de laboratório. Numa escola de Psicologia, 12 estudantes receberam, cada um, cinco ratos absolutamente iguais da mesma linhagem, com o objectivo de os ensinar a sair de um labirinto. A seis dos estudantes foi dito que os seus ratos eram muito inteligentes; aos outros seis disse-se que não poderiam esperar muito sucesso dos seus ratos, que, por razões genéticas, eram pouco inteligentes. Resultado: os ratos "mais inteligentes" realmente tinham feito muito mais progresso do que os ratos "pouco inteligentes". Além disso, os estudantes que ensinaram os ratos "capazes" descreveram-nos como mais agradáveis e mais merecedores de atenção do que os ratos dos estudantes do outro grupo. Disseram também que tinham sido mais amistosos, entusiastas e trataram os seus animais de maneira mais delicada do que os estudan­tes que esperavam insucesso dos seus ratos.

A profecia começa a realizar-se quando a auto-imagem é atacada

Na escola, o fenómeno segue as mesmas regras. Aos alunos que a professora considera capazes, ela dará mais atenção. Aos outros, caberão mais recriminações e menos estímulos. A prática é tão comum que as professoras a revelam com facilidade. A prática é tão comum que as professoras a revelam com facilidade. Márcia, professora, 25 anos, conta: "Quando entro na turma, no primeiro dia de aulas, já sei quem é levado e quem vai aprender. Assim, acabo a dar mais atenção para quem acho que tem mais condições de aprender".

Às vezes o estímulo ou desestímulo a certos alunos é feito de maneira subtil: um tom de voz diferente, um olhar mais ou menos carinhoso, maior ou menor atenção.

Mas na maioria dos casos, como explica à pesquisadora Maria Helena Patto, a subtileza dá lugar a métodos mais agressivos. "Acontece muita arbitrariedade na sala de aula, principalmente na perifeiia", diz ela. "Salvo excepções, o ambiente é extremameente agressivo e observam-se comportamentos destrutivos que atacam a auto-imagem da criança, que colocam uma visão negativa do aluno e da sua família."

Relegadas para segundo plano, francamente desestimuladas, essas crianças vão inevitavelmente participar cada vez menos nas aulas, mostrando-se alheias ou passando a chamar a atenção pela sua indisciplina ou desinteresse.

Dessa forma, com métodos subtis ou não, pouco a pouco a professora vai produzindo a realização da profecia por meio do seu relacionamento com os alunos. Essa relação, segundo a psicanalista Matia Cristina Machado, é uma relação de dominação e de poder. "A professora aprisiona a criança e coloca-a ao serviço dos seus desejos. O aluno fica anulado, nada sabe sobre si mesmo, é o objecto do desejo da professora. Quem dis se ele é inteligente ou capaz é a professora. Se ela quiser que ele vá bem, ele irá. Se ela quiser que ele não aprenda, ele não aprenderá. O aluno passa a comportar-se como um robozinho."

Os preconceitos em relação aos alunos pobres

E em que se baseia a professora para fazer as suas profecias? Para Maria Helena Patto, a profecia nasce principalmente dos preconceitos da professora, é anterior ao contacto dela com as crianças. O professor já espera, diz Maria Helena, antes mesmo de conhecer seus alunos, que aquelas crianças pobres, vindas de um meio social diferente do dele, rendam menos. E que os alunos que têm alguns sinais valorizados socialmente - os mais limpinhos, mais bem vestidos, mais branquinhos ­façam maiores progressos.

"A visão social que se tem do pobre é extremamente preconceituosa no Brasil. A professora não faz mais do que repetir o preconceito que nós absorvemos de todas as formas através da educação que tivemos e dos meios de comunicação. Quantas vezes a gente não se pega com medo de um indivíduo só porque ele está mal vestido ou é negro? Costumamos pensar que o pobre e o negro são indivíduos de segunda classe. O preconceito está em toda a sociedade e a professora não lhe escapa."

Não escapa mesmo e, muitas vezes, até o admite, como fez a professora Márcia:

"Toda a professora tem os seus predilectos. Só para contar um caso: tenho uma menina na minha sala que é feinha, sem graça. Coitada, ela me procurava, queria carinho, sei lá o quê. Aquilo incomodava-me e eu não conseguia dar-lhe carinho. Vou confessar uma coisa: prefiro os alunos mais bonitos, mais limpos, bem-educados. Credo, se alguém ler isso isso vai pensar que sou um monstro, mas, pode acreditar, todas as professoras fazem isso. Só não têm coragem de falar."

Como se escreve fracasso escolar

Às vezes, os colegas colaboram para incentivar o preconceito. António, 42 anos, professor, confessa: "Todo o mundo rotula os alunos. Antes mesmo de se entrar na sala, no começo do ano, os colegas já dão um toque a respeito das crianças bagun­ceiras, indisciplinadas, aquelas que não vão aprender".

Métodos educacionais: um campo fértil para as profecias

Mas não só de preconceitos individuais vive a "intuição" da professora. Ela baseia-se também em métodos de trabalho e até em práticas educacionais - bastante preconceituosas - consagradas como científicas. Maria Helena cita como exemplo a teoria da carência cultural, desenvolvida nos Estados Unidos na década de 50, segundo a qual o aluno pobre tem menor capacidade intelectual. "Esse tipo de psicologia educacional", explica Maria Helena, "referenda cientificamente com toda a autoridade do discurso científico, preconceitos e esteriótipos sociais. E a professora acredita neles". Outra prática que propicia profecias auto-realizadoras, segundo ela, é a divisão de classes fracas, médias e fortes. "Dividem-se as crianças consoante a suposta capacidade intelectual, rotulam-se e, consequentemente, cria-se um campo fértil para surgirem as profecias."

É o caso das classes de multirrepetentes ou das classes especiais para crianças deficientes mentais. "A prática ensina", continua Maria Helena, "que essas crianças se vão comportar exactamente como a professora espera que elas se comportem: com um rendimento abaixo do normal. Com a criança considerada deficiente é ainda pior. Muitas vezes ela não tem nenhuma deficiência e acaba por adquirir características de um deficiente".

Outro estigma muito comum é o da criança que teve um irmão considerado relapso na escola. Ela - como o resto das crianças da fanu1ia - carregará por toda a vida escolar o peso do comportamento do irmão, independentemente dos resultados que apresentar.

Os progressos quando não esperados são considerados perigosos

Marcado pelo preconceito, aprisionado pela relação de captura que a professora estabelece com ele, o aluno não tem outra saída senão comportar -se como essa professora espera que ele se comporte. Mas, mesmo que não faça isso, não terá muitas opções. Nas suas pesquisas, Rosenthal e Jacobson observaram que, quando as crianças consideradas "incapazes" mostravam alguns progressos, esses progressos eram vistos pelo professor ou eram negados ou, pior, eram considerados perigosos. O professor não suportava a incoerência que os progressos não previstos traziam ao seu diagnóstico.

Maria Helena Patto, que acompanhou a correcção de provas juntamente com professores de escolas públicas no Brasil, constatou a mesma coisa: "A professora corrige de maneira completamente diferente as provas dos alunos que ela considera bons. E chega a pôr errado em questões que estavam certas nas provas dos maus alunos".

o professor não é o vilão desta história

Qual a saída diante de um quadro tão fatalista? Em primeiro lugar, é preciso que o professor comece a reconhecer que, mesmo sem querer, adopta esse tipo de prática. Que ela se baseia não em avaliações confiáveis mas principalmente nos seus preconceitos. Que oprofessor saiba que não o vilão desta história. Preconceitos têm raízes económicas e sociais. Todos os temos, incluindo o sistema educacional que os alimenta e reproduz. É preciso, no entanto, começar a desenvolver um olhar crítico em relação a ele.

3º Encontro da disciplina


Tema: Implicações Institucionais e Subjetivas da Avaliação
Convidado: Rogério Silva

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Experiência, provocações e trabalho em saúde

Em "Notas sobre a experiência e o saber de experiência", Jorge Larrosa Bondía nos provoca no sentido mais positivo que a palavra pode ter, pois estamos inseridos até o pescoço no mundo de experiências que ele critica. Eu chamaria de experiências passageiras ou sem significado, principalmente ao pensar na educação a partir da díade experiência/sentido me questionei sobre quais professores realmente me fizeram experienciar, sentir e refletir. Foram os que me inseriram no conteúdo com autonomia suficiente para interagir com o conhecimento de forma a construí-lo e fazer parte dele. Foram poucos. Menos de 10 certamente.

No trabalho em saúde, principalmente quando se faz clínica, é desejável ter uma postura de interação genuína como paciente na qual suas queixas misturadas com nosso saber técnico possam construir a cura de seus males. Acredito que a experiência afetiva, genuína e sincera é primordial para se obter bons resultados. Para isso é necessário fugir das receitas e inovar sem se restringir ao consultório como as quatro paredes que fecham a sala. O consultório é o mundo. O consultório é a relação construída entre profissional da saúde e paciente. Justamente como entre professor e aluno. Caso contrário entramos no virar de páginas ao qual se refere Bondia: "nunca passaram tantas coisas, mas a experiência é cada vez mais rara".


por Pedro Quaresma Cardoso

domingo, 15 de agosto de 2010

Sobre a questão colocada pelo Diogo

Já se disse que parece haver tantos tipos de avaliação quanto de
avaliadores (Patton, 1982), e essa grande diversidade de orientações e

métodos no campo da avaliação origina as mais diferentes iniciativas

tendo em vista dotar o campo de alguma ordem. Porém, o que acaba

ocorrendo é a profusão de uma tal quantidade de tipologias, classificações

e outras tentativas de unificação que só fazem acrescentar mais

corredores ao labirinto. Isso é decorrente do fato de a avaliação constituir-

se em campo sobre o qual agem muitos e diferentes vetores, mantendo

uma crise epistemológica cuja superação parece estar muito distante

(Dubois & Marceau, 2005).
 
Na verdade, essas classificações devem ser entendidas mais como uma bússula que permite
adentrarmos no campo. Ao longo do tempo, cada um vai fazendo sua própria classificação,
a paratir de seu entendimento.

Conceitos em Avaliação

Olá a todos, confesso que a aula e o texto ampliaram conceitos em avaliação, porém uma dúvida permanece e gostaria de saber quem mais pensa assim. Os dois tipos principais de avaliação, formativa e somativa, denotam perfeitamente como avaliações na qual uma auxilia no desenvolvimento e manutenção de um processo e outra que finaliza e se mensura resultados finais. Sempre que estudei existia um terceiro tipo de avaliação chamada Diagnóstica. Me confundo, portanto, se a avaliação diagnóstica se encaixa no contexto de formativa ou se necessariamente tem uma classificação à parte. O que acham? Abraços

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Bem vindos!!!

Prezados Mestrandos,

sejam muitos bem vindos à disciplina e ao nosso blog!
Esperamos que essa ferramenta nos ajude a partilhar durante a semana sobre esse tema de nosso interesse.
Poderemos também tecer comentários, debater questões e preparar os próximos encontros.
Faço votos que tenhamos um ótimo curso!

Abçs

Juarez