sábado, 19 de fevereiro de 2011


O SUS é mais bem avaliado por quem o usa - Elio Gaspari

O Ipea descobriu que 30,4% dos clientes do SUS estão satisfeitos e 80,7% louvam o programa Saúde da Família

DEVE-SE AO economista John Kenneth Galbraith a expressão "sabedoria convencional" para designar alguma coisa que as pessoas acham porque outras pessoas acham. Por exemplo: se a África está atolada em ladroeiras, golpes e miséria, como Botsuana está na África, Botsuana está ferrado. Erro, esse é um caso de ignorância convencional. Em 30 anos, o país cresceu a uma média superior à da China, Coreia ou EUA. Sua renda multiplicou-se 13 vezes e seus cidadãos tornaram-se mais ricos que os tailandeses, búlgaros ou peruanos. (Mais exemplos no livro "The Rational Optimist", de Matt Ridley, US$ 12,99 no e-book.)
Uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada revelou que a percepção de que a rede de saúde pública brasileira é um desastre tem um perigoso ingrediente de ignorância convencional. O SUS não é nenhum Botsuana, mas 30,4% dos entrevistados que buscaram seus serviços ou acompanharam um familiar no último ano avaliaram-no, de uma maneira geral, como bom ou muito bom, enquanto 27,6% consideraram-no ruim ou muito ruim. O índice de aprovação do SUS fica na mesma faixa onde estão os serviços financeiros, aéreos e de telecomunicações.
Propagando a ignorância convencional, 34,3% dos entrevistados que não tiveram experiência alguma com o SUS acharam-no ruim ou muito ruim, e só 19,2% consideraram-no bom ou muito bom. A visão catastrofista está mais em quem não usa o serviço do que naqueles que o usam. Essa tendência já foi detectada há tempo e pesquisas do Ibope informam que ela ocorre também nas áreas de transporte e educação. Palpite: quem não usa um serviço que atende ao andar de baixo sente-se recompensado ao achar que ele não presta, pois custa-lhe dinheiro fugir da rede de atendimento da patuleia. Julga-se protegido, mesmo suspeitando que o plano de saúde poderá desová-lo na rede pública quando seu tratamento for mais caro. Esse pode ter sido o caso do cidadão que a seguradora Porto Seguro, amparada pela Agência Nacional de Saúde, remeteu ao SUS para receber (de graça) uma dispendiosa droga contra artrite reumatoide. Ele, que paga R$ 8.000 mensais no seu plano familiar, argumentou: "Eu não vou ficar em fila de SUS nem morto".
Avaliando cada ramo dos serviços utilizados, os números do Ipea dizem mais: 80,7% dos entrevistados atendidos pelo programa Saúde da Família consideram-no bom ou muito bom; 69,6% dos clientes do serviço de distribuição de remédios gratuitos deram a mesma boa opinião. A avaliação positiva do atendimento por médicos especialistas ficou em 60,6%. Na rabeira, com 48% e 45% de aprovação, estão as emergências e os postos de saúde, considerados ruins ou muito ruins por 31% dos entrevistados que os utilizaram.
Mesmo sabendo-se o risco que há em qualquer comparação de pesquisas, os números do Ipea colocam o SUS num patamar um pouco melhor que o do sistema público e privado americano (o que não chega a ser um elogio) e um pouco pior que o austríaco. Na Alemanha, 14% dos entrevistados acham que a área da saúde pública precisa ser completamente reconstruída, enquanto 38% acreditam que alguns ajustes seriam suficientes.
Se a freguesia do SUS botar a boca no mundo toda vez que for mal atendida, ele melhorará. Se baixar a cabeça, achando que "é assim mesmo", piorará. Em qualquer caso, não é justo que se tenha uma má opinião de um serviço público a partir do juízo de quem não o usa.
Serviço: a pesquisa do Ipea está, na íntegra, em seu portal.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Dia 11/02/2011 em Santos/SP

Iniciamos o dia com uma aula dialogada sobre Avaliação com o Prof. Juarez. Nesta aula, o professor usou como uma das referência seu texto: Avaliação de Programas e Serviços in Campos, GW et al (orgs) Tratado de Saúde Coletiva, São Paulo: Hucitec, 2006. Estavam presentes os colaboradores Fernando Kinker e Stella Chebli e os demais participantes das cidades envolvidas.

No período da tarde Renato Milsoni, do Projeto Cooperação, veio trabalhar a integração do grupo, para que possamos construir um trabalho coletivo calcado na cooperação, tolerância à diferença e na descontração. Foi uma tarde muito gostosa, que possibilitou boas e complementares discussões e excelentes resultados.

Renato apresentou uma proposta de contrato para as discussões do grupo, intitulado:


REGRAS DO DIÁLOGO

(David Bhom)


  • Diálogo é diferente de discussão e debate;

  • Falar na primeira pessoa: “ EU penso que...”

  • Abertura para ouvir;

  • Incluir....tudo!

  • Circular a palavra ( evitar a réplica, tréplica)


Após usar várias dinâmicas, finalizou nos perguntando sobre o que esperávamos deste Curso. E nos alertou para que cada se aproprie e seja o guardião da sua expectativa. Assim, podemos construir o Real mais próximo do Ideal. E este foi o resultado:

  • Espaço para troca de experiências;

  • Objetividade;

  • Atividades de aquecimento;

  • Construir uma ferramenta útil;

  • Nos organizarmos para estar bem no dia;

  • Parâmetros para definir metas;

  • Que ajude a mudar as normas/legislações

  • Fazer a interface do curso com a rede;

  • Troca com os “outros” atores;

  • Acolher as experiências dos outros sem julgamentos;

  • Fortalecer uma comunidade de “CAPSCIANOS” com encontros regulares;

  • Respaldo/apoio dos gestores;

  • Olhar também para o coletivo;

  • Sensibilizar equipes para o que é/são os CAPS (princípios, características...);

  • Dialogar sobre a evasão do familiar-cuidador;

  • Incorporar outras pessoas;

  • Aprender com leveza;

  • Com-partilhar minhas vivências;

  • Saber como aplicar o que aprendemos aqui;

  • Assumir a nossa co-responsabilidade;

  • Compromisso com o que vem depois do curso;

  • Cumprir as tarefas;

  • Igualdade na troca de saberes;

  • Abertura...acolhimento;

  • “A REFORMA DA REFORMA”

  • Celebração